Quem nunca ouviu falar em Alzheimer?
Num intervalo curto de tempo, Alzheimer deixou a
condição de doença desconhecida para ser a
patologia mais temida entre a população que se aproxima dos 60
anos, a frente inclusive do câncer. São doenças cada vez mais prevalentes nos
nossos dias, causando um impacto gigantesco na vida dos seus portadores e
cuidadores.
Claro que estarmos falando e ouvindo mais de
demências, como Alzheimer, é muito importante, pois informação é a principal
estratégia no auto-cuidado e para cuidarmos melhor.
A Alzheimerização
Mas hoje quero falar de um fenômeno que ainda é
pouco discutido, a Alzheimerização.
Sim, nome bem esquisito, mas vou explicar: Com o
crescimento da procura por atendimento médico devido às queixas de
esquecimentos, nem sempre os pacientes recebem a melhor avaliação. Isto pode
acontecer por falta de tempo na consulta, dificuldade no acesso a exames
laboratoriais e de imagem, ou treinamento inadequado do profissional para
realização do diagnóstico. Consequentemente, muitos pacientes acabam recebendo,
de maneira errônea, o diagnóstico de Alzheimer.
E isto é muito preocupante! O diagnóstico de
qualquer doença traz consigo uma série de temores ao indivíduo e ao familiar, e
é capaz de transformar a rotina e os planos de qualquer pessoa. E em se
tratando de Alzheimer, trata-se de uma doença ainda incurável, em que as
medicações disponíveis trazem uma melhora apenas sintomática.
Alzheimer é uma forma de demência, a mais comum,
responsável por 60 a 70% dos casos.
Alzheimer é um tipo de demência (pois existem
várias).
Então existe uma diferença entre demência e
Alzheimer. Pra que não haja dúvida, faremos uma analogia com as flores. Na
família das flores há várias espécies, como margarida, jasmim, rosas e muitas
outras, certo? Da mesma maneira, na família das demências há vários tipos, como
Alzheimer, demência vascular, demência fronto-temporal, demência por corpos de
Lewy, dentre outras centenas. Agora voltando à comparação das flores, sabe
aquele inseto que se camufla, cujas asas e membros são idênticos a uma folha ou
flor, e assim se confundem com elas? Então, com as demências temos algo
semelhante. Existem uma série de problemas ou doenças que se parecem muito com
alguma demência, mas não são.
Exemplo: a depressão em idosos pode ocasionar um
prejuízo acentuado de memória, até mais significativo do que queixas
relacionadas ao humor. Isto também ocorre com deficiência grave de algumas
vitaminas, como a vitamina B12, uma preocupação em quem segue
dieta vegetariana ou quem já realizou cirurgia de redução do estômago.
Ansiedade, cansaço, insônia, efeito de medicamentos sedativos também são
problemas facilmente confundidos com Alzheimer. Descobrir o tipo de demência
não é algo simples. Percebe-se, então, que descobrir a causa de qualquer
demência não é algo simples. Dificilmente este diagnóstico é feito em uma única
consulta, principalmente se a pessoa em questão tiver uma alta escolaridade,
for mais jovem ou estiver no início dos seus sintomas.
Alertas para
a Doença de Alzheimer
O médico que avalia seu cliente com queixas
cognitivas, seja o geriatra, psiquiatra ou neurologista, precisa ouvir tanto o
paciente quanto o familiar, e de preferência, individualmente. A história
pessoal e familiar dessa pessoa tem que ser muito bem explorada. Pois é o
recurso mais importante no diagnóstico. Depois da história, é fundamental uma
avaliação das funções cognitivas. É o momento de checar realmente a gravidade.
E quais domínios cognitivos estão mais afetados, como memória, atenção,
linguagem, orientação, capacidade de resolver problemas, etc.
Diria que é a “prova dos 9”. Quanto
mais dúvida sobre a causa da demência, mais ampla deve ser essa testagem, que
chamamos de avaliação neuropsicológica, geralmente realizada por psicólogos que
se especializam em neuropsicologia.
Exames
Os exames são sempre
complementares, mas são essenciais. Em se tratando de problemas
cognitivos, os exames laboratoriais podem apontar uma deficiência de vitamina
B12, uma alteração na função da glândula tireóide, e até uma sífilis com
complicação neurológica, cada uma delas com uma abordagem diferenciada.
Os exames de imagem, principalmente a ressonância
magnética, são fundamentais. Tumores cerebrais, demência vascular, demência
fronto-temporal e hidrocefalia de pressão normal, são possíveis diagnósticos,
com características distintas e tratamentos também.
Fique atento!
A Alzheimerização também é vista nas prescrições. Temos
recebido cada vez pacientes fazendo uso de medicamentos indicados para demências
tipo Alzheimer, porém sem critérios claros. São indivíduos portadores de
depressão, estresse, ou com alterações leves nas funções cognitivas, fazendo
uso de drogas que somente estão aprovadas para o diagnóstico de demência, nas
suas fases leve, moderada e grave.
Os estudos clínicos atualmente disponíveis para
Alzheimer apontam que essas drogas já foram testadas em fases pré-demenciais
(chamamos de Transtorno Cognitivo Leve), porém não foram bem-sucedidas em
melhorar sintomas ou prevenir a instalação da demência. Por último, são drogas que podem provocar efeitos
adversos, como náuseas, redução do apetite, sonolência, insônia e agitação.
Texto extraído da internet.
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