segunda-feira, 15 de outubro de 2018

A Alzheimerização!


Quem nunca ouviu falar em Alzheimer?

Num intervalo curto de tempo, Alzheimer deixou a condição de doença desconhecida para ser a patologia mais temida entre a população que se aproxima dos 60 anos, a frente inclusive do câncer. São doenças cada vez mais prevalentes nos nossos dias, causando um impacto gigantesco na vida dos seus portadores e cuidadores.

Claro que estarmos falando e ouvindo mais de demências, como Alzheimer, é muito importante, pois informação é a principal estratégia no auto-cuidado e para cuidarmos melhor.

A Alzheimerização

Mas hoje quero falar de um fenômeno que ainda é pouco discutido, a Alzheimerização.

Sim, nome bem esquisito, mas vou explicar: Com o crescimento da procura por atendimento médico devido às queixas de esquecimentos, nem sempre os pacientes recebem a melhor avaliação. Isto pode acontecer por falta de tempo na consulta, dificuldade no acesso a exames laboratoriais e de imagem, ou treinamento inadequado do profissional para realização do diagnóstico. Consequentemente, muitos pacientes acabam recebendo, de maneira errônea, o diagnóstico de Alzheimer.

E isto é muito preocupante! O diagnóstico de qualquer doença traz consigo uma série de temores ao indivíduo e ao familiar, e é capaz de transformar a rotina e os planos de qualquer pessoa. E em se tratando de Alzheimer, trata-se de uma doença ainda incurável, em que as medicações disponíveis trazem uma melhora apenas sintomática.
Alzheimer é uma forma de demência, a mais comum, responsável por 60 a 70% dos casos.
Alzheimer é um tipo de demência (pois existem várias).
Então existe uma diferença entre demência e Alzheimer. Pra que não haja dúvida, faremos uma analogia com as flores. Na família das flores há várias espécies, como margarida, jasmim, rosas e muitas outras, certo? Da mesma maneira, na família das demências há vários tipos, como Alzheimer, demência vascular, demência fronto-temporal, demência por corpos de Lewy, dentre outras centenas. Agora voltando à comparação das flores, sabe aquele inseto que se camufla, cujas asas e membros são idênticos a uma folha ou flor, e assim se confundem com elas? Então, com as demências temos algo semelhante. Existem uma série de problemas ou doenças que se parecem muito com alguma demência, mas não são.

Exemplo: a depressão em idosos pode ocasionar um prejuízo acentuado de memória, até mais significativo do que queixas relacionadas ao humor. Isto também ocorre com deficiência grave de algumas vitaminas, como a vitamina B12, uma preocupação em quem segue dieta vegetariana ou quem já realizou cirurgia de redução do estômago. Ansiedade, cansaço, insônia, efeito de medicamentos sedativos também são problemas facilmente confundidos com Alzheimer. Descobrir o tipo de demência não é algo simples. Percebe-se, então, que descobrir a causa de qualquer demência não é algo simples. Dificilmente este diagnóstico é feito em uma única consulta, principalmente se a pessoa em questão tiver uma alta escolaridade, for mais jovem ou estiver no início dos seus sintomas.

Alertas para a Doença de Alzheimer

O médico que avalia seu cliente com queixas cognitivas, seja o geriatra, psiquiatra ou neurologista, precisa ouvir tanto o paciente quanto o familiar, e de preferência, individualmente. A história pessoal e familiar dessa pessoa tem que ser muito bem explorada. Pois é o recurso mais importante no diagnóstico. Depois da história, é fundamental uma avaliação das funções cognitivas. É o momento de checar realmente a gravidade. E quais domínios cognitivos estão mais afetados, como memória, atenção, linguagem, orientação, capacidade de resolver problemas, etc.
Diria que é a “prova dos 9”. Quanto mais dúvida sobre a causa da demência, mais ampla deve ser essa testagem, que chamamos de avaliação neuropsicológica, geralmente realizada por psicólogos que se especializam em neuropsicologia.

Exames
Os exames são sempre complementares, mas são essenciais. Em se tratando de problemas cognitivos, os exames laboratoriais podem apontar uma deficiência de vitamina B12, uma alteração na função da glândula tireóide, e até uma sífilis com complicação neurológica, cada uma delas com uma abordagem diferenciada.
Os exames de imagem, principalmente a ressonância magnética, são fundamentais. Tumores cerebrais, demência vascular, demência fronto-temporal e hidrocefalia de pressão normal, são possíveis diagnósticos, com características distintas e tratamentos também.

Fique atento!

A Alzheimerização também é vista nas prescrições. Temos recebido cada vez pacientes fazendo uso de medicamentos indicados para demências tipo Alzheimer, porém sem critérios claros. São indivíduos portadores de depressão, estresse, ou com alterações leves nas funções cognitivas, fazendo uso de drogas que somente estão aprovadas para o diagnóstico de demência, nas suas fases leve, moderada e grave.
Os estudos clínicos atualmente disponíveis para Alzheimer apontam que essas drogas já foram testadas em fases pré-demenciais (chamamos de Transtorno Cognitivo Leve), porém não foram bem-sucedidas em melhorar sintomas ou prevenir a instalação da demência. Por último, são drogas que podem provocar efeitos adversos, como náuseas, redução do apetite, sonolência, insônia e agitação.

Texto extraído da internet. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário