Fazer escolhas é um processo quase sempre
doloroso, acredito que todos já passaram por ele e para definir qual a
profissão parece ser o mais complicado, principalmente para o adolescente. Isso
traz tanta angústia, incertezas, frustrações, medo, pressão entre tantos outros
sentimentos, vivenciados nesta etapa. A frase mais frequente no consultório é:
"Estou confuso, me sinto perdido, não sei qual escolha fazer...". A
tarefa se torna embaraçada, a brincadeira acabou e a realidade da preparação
para a vida adulta chegou. Como é custoso encontrar meios para minimizar essa
sensação e diminuir o sofrimento. Mas porque é tão complicado
escolher uma profissão? Bem, acredito que um dos principais fatores que
colaboram para impedir este processo sejam as inúmeras possibilidades que se
tem no campo profissional, pois existem nas universidades mais de 600 cursos e mais de 6.000 cargos no mundo corporativo. A cada tempo, criam-se mais e mais
especialidades em cada área. Como por exemplo, na Psicologia que se iniciou com
a Psicanalise e atualmente existem muitas abordagens, tais como: Humanismo,
Holística, Behaviorismo, Gestalt, Psicoterapia Corporal (Reich), Terapia
Cognitivo e Comportamental, entre outros. Essa variedade de opção para escolha
profissional é boa por um lado porque abre campo de trabalho, mas por outro, impossibilita
uma escolha mais tranquila. Ilustrando melhor este cenário, na idade média os
homens trabalhavam nos campos, eram artesões, barbeiros, soldados e as mulheres
prestavam serviços como serviçais: doméstica, padeiras, artesãs,
costureiras ou dona de casa. Nessa perspectiva não havia muitas escolhas,
e assim quase não surgiam duvidas sobre profissão a seguir. Com a revolução
industrial, o movimento feminista e o avanço da tecnologia isso mudou, ou seja, são muitas opções no mercado. Outro fator determinante para a mudança de
comportamento dos adolescentes é a pressão exercida pelos pais que acreditam
que estão fazendo o melhor, mas ao contrário, tornam aquilo que seria simples
em algo desastroso. Conheci uma adolescente que queria ser bailarina, mas a mãe
gostaria que ela cursasse Direito. Pressionou tanto a garota que ao
final decidiu fazer o curso que não era de sua vontade, tornando-se infeliz.
Pensar que a formação escolhida não trará sucesso é tão relativo, pois conheço muitos
que ganham o suficiente para viver bem e consequentemente animados com a
carreira. Bem como ao contrário, pessoas bem sucedidas profissionalmente, mas depressivos, desmotivados e insatisfeitos. Acabam gastando mais
que tudo em forma de compensação, ou ainda, com medicamentos para amenizar os
estragos por não sentir realizado. Sendo assim, enquanto responsáveis, reveja seus conceitos e ideias
pré-concebidas. Em contrapartida, enquanto adolescente na hora de
decidir o curso ou a profissão, avalie os seus objetivos, valores, aptidões e pondere. Busque orientação se
estiver difícil fazer a escolha sozinho, mas lembre-se que nada é para sempre,
em qualquer momento poderá partir para novos desafios e direções.
terça-feira, 26 de setembro de 2017
domingo, 17 de setembro de 2017
E sobre ser Psicóloga:
Tenho
o dom do acolhimento, me faço presente na vida das pessoas que precisam se
conhecer e resolver problemas que as afligem. Estudo, busco opiniões, leio e
descordo. Quero sempre me atualizar, preciso fazer as pessoas se energizarem,
se encontrarem e buscar em si mesmo respostas daquilo que as fazem infelizes.
Para isso tenho de estar bem, para isso preciso me conhecer, para isso preciso
ter saúde mental, ou seja, físico e psíquico. Para isso preciso às vezes me
desligar. Deixar de cuidas dos outros e me olhar, me ver, me compreender. Para
isso tenho que buscar forças não no dinheiro, mas na qualidade de vida. Tenho dó,
tenho pena, me sinto desconfortável quando tenho que dispensar alguém e sinto
que faria bem a ela, mas preciso me dar condição de bem atender. Então, preciso
me refazer, preciso me poupar, preciso olhar para os que estão ao meu lado e me
dar um pouco mais. Ah, preciso não absorver o problema alheio, isso traz
desgaste. Isso traz problemas para a saúde.
Para atender com qualidade, preciso ter qualidade de vida. Não posso
abraçar os problemas do mundo e sim dar um mundo de dedicação a quem eu atendo.
Sou uma psicóloga e apenas tão somente um ser humano a serviço de humanos
carentes, cada um com um tipo de patologia. Sou uma psicóloga com minhas
aflições, irritações, chateações, decepções, mas que tento sempre deixar isso
numa caixinha que será aberta na próxima viagem ou passeio. Interessante que consigo
abrir esta caixinha quando saio do consultório e encontro paz nos pequenos
detalhes que a vida oferece. Ser
psicóloga é gratificante, mas preciso equilibrar tudo isso. Tenho alguns
aliados nesta jornada, contudo, preciso aprender a alinhar melhor o tempo.
Enfim, este foi um desabafo de uma psicóloga, que ama o que faz, que ajuda as
pessoas é isso não tem preço.
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